quinta-feira, 31 de março de 2011

Lembrança fantasma, fantasia real

http://www.flickr.com/photos/enyouart/

Eu devia estar estudando, porém uma angústia inexplicável impede qualquer tipo de concentração em meu cérebro.

Vejo fantasmas. São lembranças. Momentos que se foram, e que tento com todas as forças ter de volta, viver de novo, cada segundo.

Talvez eu esteja errada em me prender tanto ao passado. Mas o passado é tão próximo! Faz parte de mim, me faz quem eu sou. Por mais que eu tente deixá-lo trancado em uma gavetinha, ele sempre escapa. Não consigo controlar.

E quando isso acontece, é como se cada célula do meu corpo gritasse por palavras, por sons, por perfumes, sensações, sorrisos, alegrias, beijos e abraços.

Como se elas gritassem pela presença daqueles que estão longe, pelo dia-dia que não existe mais, pelas palhaçadas que agora só existem na memória.

Eu devia estar estudando, é verdade. Mas as letrinhas se embaralham quando meu coração está inquieto. As frases se confundem. As imagens não fazem sentido. Tudo que eu quero é que as lembranças fiquem bem guardadas na gaveta, e que não me atrapalhem mais, por favor.

E assim, me embrulho para que as cobertas me consolem em seu abraço aconchegante. Olho para o celular a espera de uma mensagem que amenize a minha saudade. Esqueço completamente a prova de amanhã, fecho os olhos, e sonho. Porque nos sonhos não existem lembranças fantasmas, existem apenas fantasias reais.

Lívia C.B. - vai ter uma ótima prova, com certeza.

domingo, 27 de março de 2011

“O amor é como uma criança: deseja tudo o que vê.”

- William Shakespeare, o autor do maior amor proibido de todos os tempos .


Romeo era dos Montéquio, Julieta dos Capuleto. Inimigos de sangue, amantes de corpo e alma. A história do nosso amigo William é antiga, termina em tragédia e é recheada de melodrama, mas representa muito bem essa “tendência” humana de entrar no caminho mais difícil.

Há algum tempo atrás, quando os casamentos tinham que ser arranjados, amores impossíveis eram tão comuns quanto carrinhos de pipoca na praça.

Tanto era assim que os pais evitavam por as filhas na escola, pelo simples fato de que se elas aprendessem a ler e escrever, saberiam mandar bilhetinhos apaixonados e marcar encontros secretos. – veja que mentalidade!

Hoje os amores proibidos já não acontecem tanto por causa da família, apesar de que ainda existem pais e mães com um pé nos séculos passados. Na verdade, penso que se duas pessoas se amam, nada pode proibir esse relacionamento.

Talvez uma distância, uma separação inevitável, uma diferença de idade, de maturidade, ou até pré-conceitos possam ser obstáculos na convivência entre um casal, porém esses não são motivos para dizer: - Meu amor é impossível.

Acredito que os únicos amores probidos são aqueles não correspondidos. Isso porque vivemos em tempos em que tolerância e a compreensão são incentivadas, tanto nos relacionamentos familiares e amorosos, quanto nos sociais em geral. Além disso, tecnologias de comunicação estão a disposição de qualquer um que precise.

Obstáculos sempre existiram, sempre existirão, pelo simples fato de que não escolhemos quem amar.

O sentimento decide ao acaso, e nós que arquemos com as conseqüências! Não é fácil, mas não devemos desistir de lutar por um amor que pode dar certo - repito – que pode dar certo.

Enfim, se o amor deseja tudo que vê, então que veja muito bem, com visão de raio X de preferência. Para que os amores impossíveis sejam evitados, e para que os obstáculos possam ser vencidos da melhor forma. Porque além das dificuldades, a felicidade é o que importa.

Lívia C.B.
Para Projeto Bloínques, 53ª Edição Opinativa. 1º lugar!

sábado, 12 de março de 2011

Aconteceu comigo

“Cheguei atrasada em um mundo paralelo estranho, me desentendi com ele.”

Esse é o primeiro episódio da série: Lívia e suas desavenças com o Planeta Twitter.

Senta que la vem a história.

Era uma tarde cinzenta e chuvosa. Eu estava pipoqueando pela net, um pouco entediada, admito. Quando de repente vi um comentário no post Even a thousand miles, Fernanda informava que havia achado um link do Pulo de Pipoca no twitter, e que tinha adorado o blog (aliás, valeu fê!).

Uma luz tomou todo o ambiente. Aquela tarde cinzenta não era mais vazia e sem graça. Um personagem havia novamente entrado na minha vida, nem vilão, nem moçinho, mas muito, muito intrigante. Seu nome: Twitter. Seu enigma: Como ele poderia saber do Pulo de Pipoca se a Pipoqueira aqui nunca se deu bem com ele?

Sim, foram águas passadas que marcaram minha vida. Eu já fui @Líviahd, algo como Lívia High Definition. Não me pergunte a razão desse nome, foi a Luiza Mariana que inventou. Enfim, essas águas passadas me afogaram completamente.

Entrei em um site do nipe “ganhe followers, grátis, fácil, sem estresse, uhul!” Realmente, em um mês eu tinha mais de mil seguidores E 92312413434313244 seguidos. Imagine o tipo de tweet que aparecia pra eu ler!

Traumatizei-me completamente.

Deletei o Twitter da minha vida. Por muito tempo fui feliz sem ele. Até o glorioso dia da tarde cinzenta, quando uma luz tomou conta do ambiente. Interpretei o sinal. É hora de enfrentar esse planeta paralelo estranho e intrigante.

Por isso pipocos, sigam @pulodepipoca. O twitter oficial da Lívia C.B. e deste humilde blog. :P Ajudem um ser forasteiro e perdido á se adaptar em uma terra desconhecida – ou quase desconhecida!

terça-feira, 8 de março de 2011

Noiva em fuga



Querido chu chu,

Eu sei que você está todo de smoking, gravata borboleta, sapato lustrado e ansiedade a mil, afinal, é dia do nosso casamento tão esperado e planejado! Entretanto amor, o sorriso do seu rosto corre perigo com esta carta.

Você sempre foi pra mim um porto seguro, um ombro amigo, alguém em quem confiar em todo e qualquer momento. Te amo e te amei com o amor mais meigo e carinhoso que eu pude tirar do meu coração.

Fomos perfeitos um para o outro em um momento em que me senti frágil e desamparada. E serei eternamente grata pelo seu apoio, dedicação e carinho. Serei eternamente grata pelo que vivemos juntos. E mais grata ainda por você ter me tornado forte novamente.

Juro que me esforçei para ser uma moça pacata, familiar, caseira e tranquila – o tipo ideal de mulher para viver ao seu lado. Mas não há como mudar o íntimo da personalidade de um ser humano.

Meu íntimo, chu chu, é aventura, adrenalina, transpiração. É viver o hoje sem saber nada do amanhã, sem planos ou metas. Minha personalidade nada têm de caseira e pacata. Gosto de movimento, ação, de pegar uma mochila e viajar sem destino certo, trabalho certo, dinheiro certo.

E enquanto eu me caracterizava de noiva, todo esse fogo, antes adormecido dentro de mim, voltou a queimar de forma avassaladora. Cada grampo que a cabelereira punha no meu cabelo era um espinho a mais na minha alma. Não consigui suportar a ideia de que tudo está certo, nos trilhos. De que minha vida será previsível como a trama de uma novela mexicana.

Você sempre soube como eu era. Eu sempre soube como eu era. Nós nunca nos enganamos, apenas tentamos mudar uma realidade que não pode ser mudada! Sabe aquela música, “Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim...” Pois é.

Pegarei a minha moto guardada no fundo da garagem, subirei em cima dela, e irei para onde ela me levar, de vestido, grinalda e tudo. Não posso te deixar uma explicação lógica para essa fuga, não sou uma mulhar de razões, ou de certezas. A minha unica certeza é de que você sempre será o amor da minha vida.

Espero que um dia você possa me perdoar por esse smoking novinho que vai para o armário, pelo sorriso lindo que eu tirei do seu rosto, pelos planos que eu destruí, pela vida que nós não teremos juntos.

Te amo sempre.

Até algum dia!

Lívia C.B. para a 33ª edição Cartas do Projeto Bloínques.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Even a thousand miles,

                             can't keep us apart, cause my heart is wherever you are!

Para a física ela é o espaço entre dois pontos definidos. Para a gramática, um substantivo concreto, palavra paroxitona. Para o poeta, é a diferença entre o gorjear dos passaros, entre as estrelas do céu e entre os amores da vida.

Mas afinal, o que é a distância?

Convivemos com ela durante toda a vida, e mesmo com tanta convivência, ela sempre nos surpreende em algum momento. Nos deixa frágeis, e até os mais fortes não conseguem conter as lágrimas.

Se essa história fosse um conto de fadas, a distância daria uma bela de uma bruxa malvada. Como aquelas que espirram veneno pelos olhos, transformam tudo em pedra e em sapos asqueirosos.

Porque ser transformado em um sapo pode ser muito ruim, mas não há dor maior do que ficar longe daqueles que amamos. Não há castigo maior que acordar com uma saudade angustiante e não saber o que fazer para curá-la.

E não importa o quanto lutamos contra essa vilã maldosa, ela sempre está lá, a espreita, para nos lembrar que nada é eterno ou imutável. E assim a história continua, entre encontros e desencontros, lutas vencidas e batalhas perdidas.

Até que, bom... se estamos criando um enredo, deve haver um clímax. E nesse clímax, nosso amigo Einstein, vestido do mago Merlin, entra em cena e muda totalmente o destino da bruxa má.

Ele diz: _ Se até o tempo é relativo, meus caros, o que é uma distâcia terrestre em se comparando com o universo?

E dessa forma, a nossa bruxinha é reduzida a nada mais que uma pedra no meio do caminho. E o que fazemos com as pedras no meio do caminho? Nós desviamos.

E quando desviamos da dor da distância, percebemos que nada pode nos separar aquilo que não quer se separar. Os sentimentos unem muito mais que uma convivência diária. Três palavras ao telefone podem significar muito mais que uma semana inteira de diálogos frente a frente. Uma simples mensagem de texto é o suficiente para manter uma amizade acesa e forte.

Assim pipocos, tomemos o controle dos nossos próprios enredos e façamos dessa bruxa má uma simples pedrinha no caminho, ou até menos! Porque se não somos nós os poderosos autores, diretores e protagonistas das nossas vidas, quem mais poderia ser?

Einstein? Acho que não. Já basta eu ter posto ele de Merlin nessa.

Lívia C.B.
para 49ª edição opinativa do Projeto Bloínquês.