A crença popular diz que o tempo cura tudo. Cura dores, cura medos, cura aflições, cura tristezas, cura dúvidas. Eu digo que o tempo não cura nada, nada, nada. O tempo é insignificante em se comparando com o poder que tem o cérebro humano.
O que quero dizer é que o indivíduo nunca irá superar o que deve ser superado se não quiser que isso aconteça, por mais que passe um milhão de anos. Para superar a dificuldade tem querer de verdade, não só da boca pra fora, não pra se fingir de forte, não pra tentar enganar a si mesmo. Quando queremos ajuda, aí sim o tempo contribui.
A crença popular diz que “água mole pedra dura, tanto bate até que fura”. Sim, persistência é fundamental, persistir em ser forte quando tudo quer te enfraquecer é um ato de coragem, é uma atitude louvável. Mas nem sempre persistir é a melhor escolha. Há uma linha tênue entre não querer desistir, e não querer ir em frente.
Se uma pedra realmente não quer ceder de jeito nenhum, que mal há em procurar outra pedra? Porque não mudar os planos? As pessoas maleáveis, que se adaptam a realidade com tranquilidade, são as mais satisfeitas com a vida.
Todos sempre repetimos o clichê de que tudo vai dar certo no final. É quase um mantra. Vai dar certo, vai dar certo, vai dar certo. Me pergunto, e se não der? E se não terminar bem? Na verdade, a melhor pergunta é, quando é que termina? Aposto que ninguém vai saber responder.
É por isso que a frase de Orson Welles, um cineasta americano da década de 30, é uma das minhas citações preferidas. "Se você quer um final feliz, isso depende, é claro, de onde você para a história."
Se colocarmos as nossas expectativas em uma pespectiva mais ampla, veremos que muitas vezes estamos exigindo resultados de mais, e colocando determinantes em excesso pra nossa própria felicidade. A felicidade não pode ser determinada, ela deve simplesmente existir, apesar dos finais.
Os ditados e os clichês só nos mostram a tendência que o ser humano tem de querer viver com medidas certas, seguras. Viver não é seguir uma receita de bolo, nada é certo. As vezes até o bolo desanda, com receita e tudo!
Não adianta tentar consolidar uma ideia, e fazer com que ela seja completamente verdadeira e aplicável, nunca será. Existem situações diferentes, épocas diferentes, contextos diferentes, e o que dizemos ou acreditamos sempre deverá ser repensado, uma, duas, mil vezes.
No ultimo post eu disse que devemos aprender com a vida sempre, hoje eu digo que devemos não só aprender com a vida, mas também adaptar as nossas crenças de acordo com o nosso próprio amadurecimento. Não é fácil admitir que as nossas filosofias pessoais podem não ser verdades absolutas, não é fácil, mas é necessário.
Lívia C.B.
Um comentário:
A gente poderia nascer com um manual, ou sei lá, uma enciclopédia. Pra todas as vezes que a gente sentisse/vivesse algo diferente, este manual nos dizer como agir.
Ainda assim, acho ninguém seguiria.
Enfim, lindo texto e lindo blog *-*
http://complicatedimperfect.blogspot.com
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