segunda-feira, 26 de setembro de 2011

I'm staring at the mess I made.

                                   As you turn, you take your heart and walk away.

Muitas vezes o silêncio pode ser um bom companheiro. Ele nos faz refletir, e perceber com clareza a realidade das coisas. No silêncio podemos conversar com nós mesmos, descobrir quem somos, o que queremos, o que sentimos.

O silêncio pode ser ótimo. Mas ele também pode mostrar o quanto a solidão é doída, especialmente quando recheada de culpa e arrependimento.

Esse silêncio incômodo me rodeia nesse momento. Tudo parou, o tempo congelou. Sinto como se o mundo inteiro apontasse para mim, sorrindo da minha ingenuidade, zombando da minha imaturidade e criticando as minhas equivocadas decisões.

Até o vento decidiu fazer birra. As folhas das arvores não se mechem, o sol se esconde por entre as nuvens. As nuvens não deixam se quer um pedacinho de céu azul pra eu admirar. Nem os passarinhos aparecem pra cantar.

Em contrapartida, dentro de mim tudo grita. Meu coração grita pra ter você de novo meu lado. Minha mente grita tudo o que eu errei, grita alto, muito alto.

Eu deveria ter tido coragem, deveria ter enfrentado meus medos ao invés de ter virado as costas e fugido sem olhar pra trás. Deveria ter olhado nos seus olhos, e dito o quanto você é importante pra mim e o quanto você me fez feliz. Deveria ter reconhecido o meu amor e não tê-lo escondido de mim mesma. Tentei me proteger, acabei aqui, nesse silêncio.

Daria tudo para que você quebrasse esse silêncio e me dissesse que tudo esta bem. E dói saber que você não virá. Dói saber que perdi tudo o que eu mais amava, antes mesmo de perceber que eu amava.

Assim, posso imaginar seu perfume, colorindo o vento parado. Posso imaginar o seu sorriso, iluminando sol escondido, posso imaginar a sua voz, dizendo palavras carinhosas. Por fim, posso imaginar o seu beijo, me fazendo esquecer por um minuto essa dolorida solidão.

Posso imaginar, mas não posso sair da realidade. Porque o silêncio me obriga a contemplar as besteiras que eu fiz, e a lembrar repetidamente dos seus olhos entristecidos e do seu semblante decepcionado ao ouvir a minha covarde despedida.

Só queria que, de alguma forma, você soubesse que eu te amo. Mesmo que eu não tenha coragem de dizer. Mesmo que eu seja imatura e fraca.

Sei que não terei forças para vencer esse silêncio, descer desse telhado e lutar pela nossa felicidade. Mas se nós não podemos ser felizes, então que pelo menos você seja feliz. Porque a sua felicidade é a minha felicidade, e sempre será assim.



Lívia C.B. 
Para Projeto Bloinques, 88ª Edição Visual.
2º lugar!

Um comentário:

Tempestade disse...

às vezes nós depositamos toda a forma de felicidade no outro, que esquecemos que podemos ser felizes sozinhos. Explorar outras formas de sorrir.

Parabéns pelo texto.

bjos
Nina